sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Viajando aos 40


Cuido da minha mala desde os nove anos de idade. Até mais ou menos 20, viajava, em geral, de carro com meus pais, que cuidavam de quase tudo. Então vamos considerar que tenho 20 ou 30 anos de estrada autorizando algumas conclusões.

Começando, como eu comecei, pela MALA:

Nunca, mas nunca mesmo, deixe de levar um casaco e um biquini. Já precisei de casaco em Arraial do Cabo no verão e de um biquini no inverno alemão. O clima é louco e você pode ser surpreendido por uma frente fria ou, como aconteceu na Alemanha, por uma luxuosa piscina aquecida e coberta num hotel pelo qual eu não dava muita coisa.

PLANEJAMENTO:

Você é seu melhor agente de viagens. Se você fala inglês e frequenta a Internet, não tercerize o planejamento. O agente de viagens vai "quarterizar" para uma operadora de São Paulo que vai "quinterizar" para uma operadora local no seu destino. Em 100% das vezes algo dá errado. E durante sua viagem uma delas ainda pode falir! Pesquise em sites confiáveis, mande e-mails, estude, imprima os mapas. Pense que essa é uma forma também de fazer a viagem começar antes mesmo do embarque.

Mas se você vai para o exterior e não fala outros idiomas, não hesite: procure uma boa agência de viagens e se agarre em uma excursão.

DESEMBARQUE:

Não fique perdido no saguão do aeroporto com cara de "socorro, não conheço nada aqui". Em qualquer lugar do mundo você corre o risco de ser abordado por um picareta. Se você não se sente seguro para tomar um táxi, compre um "transfer" antes de embarcar. É mais caro, mas começar as férias se aborrecendo é um prejuízo muito maior.

HOSPEDAGEM:

Na dúvida, escolha uma rede de hotéis americana. Mesmo que simples, os hotéis americanos são limpos. Na República Dominicana fiquei em um 4 estrelas de uma rede espanhola que tinha toalhas rasgadas e banheira manchada. Tá achando frescura? Se falta capricho dentro do quarto do hóspede, pode ter certeza que falta também em outras áreas do hotel. Além disso, na minha casa não tem toalha rasgada. Por que vou nas minhas férias ficar numa situação pior do que a que tenho em casa?

Hotel é caro, mas casa de amigo, só se tiver muita intimidade com ele e com quem quer que more com ele. E por pouquíssimos dias.

Hotel "all inclusive", daqueles em que todas as refeições e bebidas estão incluídas na diária, não vale a pena. Já passei por 3. Em qualquer lugar do mundo, é roubada. Se o pacote todo já está pago, pra que o cozinheiro vai se esforçar?

COM CRIANÇAS:

Meu filho viaja com crachá pendurado no pescoço! Nunca nos perdemos dele e, claro, não solto a mão da criança, etc, etc... mas vamos ser realistas: férias + lugares cheios + 1 segundo de distração e isso pode acontecer.

O CAFONA NÃO EXISTE:

Você vai ouvir de amigos mais viajados que, por exemplo, assistir a troca da guarda no Palácio de Buckingham é cafona ou que perder tempo em Paris indo a Eurodisney é um ultraje. Ou ainda que você não deve ir a um determinado show porque é "muito para turista". Você é turista. O dinheiro é seu, o tempo é seu e o desejo também.


Now boarding.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Um Natal para chamar de meu



Eu já disse que não gosto de dezembro, contei meus traumas de aniversariar neste mês e, apesar de ter nascido no início oficial do verão, não tenho apreço pela estação. Estou preparando seu espírito para dizer que o Natal é um problema e ganhando tempo para pensar em como fugir de mais um post rabugento.

Então vamos fazer um inventário desses 40 Natais para ver o que sobra.


Passei a maioria deles na fórmula clássica: vovô, vovó, tios e primos, quando a família ainda se reunia. Esse é o Natal mais maravilhoso que existe. Contava os dias para que ele chegasse. Sabia que eu iria rir, brincar, ser abraçada, beijada, ganhar presente, assistir ao especial do Roberto Carlos na TV e ficar feliz. E ainda existia um Papai Noel que desfilava depois da meia noite em carro aberto pelas ruas da Tijuca. Era uma loucura! Ele vinha de longe tocando um sino e a gente corria para a janela. Esse homem não faz idéia de quanta emoção ele me trazia, mesmo quando eu já sabia que ele não estava chegando do Pólo Norte. 


Quando este Natal não foi mais possível - e para muita gente não é - a noite mais importante do ano virou um problema. Resolvi me desapegar da data, mas não é fácil e saí por aí procurando um Natal para chamar de meu. Passei a Noite Feliz sozinha numa vila de pescadores na Bahia, passei dançando forró em Fernando de Noronha, já passei o Natal a dois em Paris, trabalhando de plantão, com amigos de 4 estados diferentes perdidos no Rio, dentro de um avião dormindo, apenas com meus pais, em petit comité com meu marido e meu filho.


Nenhum deles é bom como o Natal da minha infância na casa dos meus avós. Mas se a noite mais importante do ano não pode ser completa, que ela seja verdadeira. Para quem é cristão, que o Natal aqueça seu coração e renove sua fé na humanidade. E para quem curte a festa em família, meu desejo de que hoje não haja falsos sorrisos, constrangimentos no amigo oculto, nem terapia de grupo depois da bebedeira.



quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

O mundo vai acabar no meu aniversario e isso não me espanta



Sabe por quê? Meu aniversario sempre foi uma bosta. Já gastei muito dinheiro na terapia falando disso, mas acho que você tem que saber o que sofre uma pessoa que nasceu em dezembro e concorre com Natal, réveillon, shoppings bombando, praia, festa de amigo oculto, início das férias...

Imagine o que é ter 5 anos e não poder comemorar seu aniversario porque os amiguinhos da escola já entraram de férias e se dispersaram por aí.

Imagine o que é ter 7 anos e ganhar apenas um presente de aniversário e Natal com a desculpa de que "é um presente só, mas é um presente bom". Cacete! Presente bom são dois, como ganham as outras crianças.

Imagine o que é ter 10 anos, viajar com a família no dia do seu aniversário e ninguém se tocar de que você está há horas muda no banco do carro porque só você sabia que dia era aquele.

Imagine o que é ouvir todos os anos que seu aniversario cai numa época péssima. Desde já peço desculpas a todos. Eu ju-ro que não sou responsável por isso.

Imaginou? Pois é. Tem mais.

Já trabalhei onde eu passava o ano organizando os aniversários de todo mundo e ninguém se lembrava do meu. Já trabalhei onde existia um quadrinho - preenchido periodicamente - com os aniversariantes do mês e em dezembro ele ficava em branco.

Já tentei produzir uma festa 2 meses antes e ouvi de uma profissional do mercado:"tá louca!? Festa em dezembro tem que planejar um ano antes". Já pedi ajuda para uma comemoração caseira e ouvi: "mas essa data é tão inconveniente para os convidados..." É sim. Mas a maior inconveniência é para mim, pode ter certeza.

Os aplicativos de calendário eletrônico e as redes sociais amenizaram um pouco isso. Fazem, pelo menos, com que as pessoas se lembrem. Mas continuo detestando aniversário em dezembro. O fim do mundo pode ficar com o próximo dia 21 porque eu quero transferência para abril.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Odeio dezembro


Odeio dezembro. E seu calor desrespeitoso. Seu trânsito travado, sua impaciência querendo que o ano acabe logo, suas vitrines com falsas promoções e essa insuportável obrigação de ser feliz.

Dezembro é um mês em que nada se resolve: o aumento que você pediu ao seu chefe não vai sair, a poltrona que você comprou não será entregue na data marcada e o marceneiro que prometeu que viria fazer um orçamento não vai aparecer. Dezembro só serve para adiar as coisas.

Em dezembro nada fica, nada se perpetua. "Ah, deixa isso para o ano que vem". Já deixei a troca do tampo da mesa, a apuração sobre o curso de italiano e a visita ao ginecologista.

Dezembro praticamente não existe. Não há vaga para estacionar, não há mesa nos restaurantes por causa das ruidosas confraternizações de fim de ano, não se consegue horário na manicure, na massagista, na tinturista, na limpeza de pele... E você acaba recorrendo a um profissional que não é o de sua predileção e se aborrecendo. Dezembro é um mês meio errado.

É um mês pela metade. Em dezembro ninguém te escuta, ninguém te olha. As pessoas correm para as apresentações de balé dos filhos, o amigo oculto do trabalho, a prova no curso de inglês... Para entregar o ano como concluído no dia 15, quando sai o 13o salário. Aí é a hora de comprar, comer, brigar, se aborrecer, ouvir o que não quer, fingir que não percebeu... A isso chamamos Natal. Mas isso é outro post.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Mulher não cede passagem




Ligou a seta do carro? Quer trocar de pista? Se o carro na sua diagonal traseira esquerda for dirigido por uma mulher, você não vai passar. Ela vai acelerar só para você não passar. Se você insistir e ameaçar embicar o carro, ela vai buzinar, abanar o braço e não vai te deixar passar. É uma questão de honra. Hoje aconteceu comigo duas vezes, quando tentei trocar de pista. E sou mulher também, hein? Mas acho que elas nem repararam nisso.

O problema é que as pessoas descontam na direção as frustrações do dia-a-dia. Atrás do volante, infelizmente, para muita gente, é o único momento do dia em que se pode parar para pensar um pouco. E aí vem a raiva, a frustração, a humilhação, a sobrecarga... e ela não vai te deixar passar porque agora precisa pensar nela. Assim, no trânsito, a doçura femina se resume a nada.

Tô falando de nós mulheres porque, em geral, somos mais inseguras e, sinceramente (ok, lá vem o apedrejamento) acho que isso se reflete no trânsito. Mas a insegurança masculina também está representada, claro, nas nossas ruas, vias e avenidas. Um carrão também é uma maneira de disfarçar atributos que lhes faltam.

Falando em carrão, vejam que exemplo louco de como as pessoas usam o carro para se relacionar com o mundo. Conheço uma mulher que dirige um carro enorme, dessas jamantas importadas e só consegue estacionar em uma das vagas da garagem do prédio dela. A motorista em questão tenta convencer o condomínio a destinar com exclusividade aquela vaga para ela. E... tipo... comprar um carro menor?! Meu Deus! A pessoa não sabe manobrar e compra o maior carro do mercado! Essa, além de não dar passagem, não usa os retrovisores! Não enxerga ninguém. 

domingo, 25 de novembro de 2012

Magras e cegas



Li três guias de estilo. Fiquei curiosa com relação a um deles, ganhei outro de presente... e um terceiro chegou à redação em que trabalho. Li os três. Acho que sempre se aprende algo novo com quem tem um olhar treinado. O problema é que o mercado da moda, em alguns momentos, se descola da realidade de uma forma espantosa. 

Algumas recomendações desses guias me insultam barbaramente. E saí em busca de explicação. Só encontrei uma: as autoras são magras. De uma delas vi a foto no próprio livro, das outras fui pesquisar no Google. Magras! Amigas de magras, trabalham com magras e falam para magras. 

Se eu tenho raiva de magra? Não, tenho inveja. Ser magra, tudo bem. O problema é ser cega e não enxergar o que o mundo da moda não devia desprezar: a maioria das mulheres tem sobrepeso.

Nos 3 guias que li as autoras adoram dizer que compram camisetinhas descoladas em loja de criança. "A tamanho 14 anos fica perfeita em mim". Oi!? "Camiseta branca básica de malha bem justinha toda mulher tem que ter e as melhores são das lojas infantis". Gente, pára a leitura que eu quero descer! Além de conhecer poucas mulheres que cabem numa camiseta 14 anos, qual é a mulher depois do 30 que tem condição de usar camiseta branca bem justinha!?

Duas das autoras aconselham a leitora a guardar todos os sapatos fora das caixas para poder visualizá-los. Mas quem guarda sapato em caixa? Você convive com alguma assalariada que tenha armário ou closet suficientemente grande para guardar os sapatos em caixa? Me fala.

Outro guia de estilo dos que folheei, sugere com fotos "looks" montados com uns trapinhos "que qualquer um tem em casa": short desfiado, blusa manchada e tênis velho. Isso só é bacana na Zona Sul do Rio de Janeiro, onde o povo adora fazer o gênero "peguei no armário e nem olhei". Devo informar que em outras regiões da cidade e no restante do país ninguém acha bonito andar assim.

E nas fotos de todos os guias, as pessoas "flagradas" na rua usam manequim 36, 38. Quero ver montar “look” pra gente normal, que veste 42 e 44. A ultima vez que entrei num manequim 38 eu devia ter 15 anos. Façam coisas para o meu tamanho e depois venham falar comigo.

sábado, 17 de novembro de 2012

Não fale com estranhos


Este post é para o taxista, que não entendeu que ontem à tarde peguei um táxi porque não queria me aborrecer no trânsito, nem procurando vaga. E que eu estava torcendo por 20 minutos em que pudesse ficar sozinha com meus pensamentos. Moço, eu respondi monossilabicamente a todas as suas tentativas de puxar conversa. Como taxista, o senhor deveria entender que é um sinal de que o passageiro quer ficar quieto. Estou pagando pelo o que deveria ser um pouco de sossego. No restante do dia, sabe, eu só tenho tranquilidade quando estou dormindo. Trabalho com muita gente, tenho um filho pequeno, uma empregada nova que faz muitas perguntas...

Esse post também vai para a senhorinha que se sentou ao meu lado no ônibus, sábado, quando voltei da praia. Meu marido e meu filho estavam num passeio de meninos e eu queria aproveitar para ver a paisagem da cidade tranquilamente. Queria ver o entra-e-sai, os rostos, ouvir pedaços de conversa que não me dizem respeito. Eu não queria, minha senhora, por mais respeito que tenha por sua idade, saber da sua diabetes e ver fotos dos seus netos que, pelo jeito, não lhe dão atenção. Eu não queria ter que lhe responder qual o meu nome, o que faço e onde moro. Menti nas 3 perguntas que a senhora me fez. A senhora também não devia abrir a bolsa dentro do ônibus, para uma pessoa estranha, e mostrar seu celular novo. Primeiro porque é perigoso e, segundo, porque eu não queria ver. Levantei dizendo que ia saltar, mas menti pra senhora, de novo. Fui sentar lá no fundo, escondidinha, para ficar em silêncio. Me desculpe, percebo que a senhora está sozinha, mas  era exatamente o que eu buscava: ficar sozinha. 

Esse post é para a mulher que insistiu em falar comigo durante o seminário em São Paulo. Agora não, moça. Eu peguei um avião para vir aqui, ouvir as pessoas que estão na listinha que você recebeu também. Não fale comigo. Estou tomando notas e você está me atrapalhando. Não sei quem é você, não quero saber, não estou interessada na sua opinião. Por isso vou me levantar e, sem dar qualquer explicação, vou trocar de lugar. Com certeza você vai atacar a concentração do próximo que sentar-se a seu lado.

Esse post é também para um menino de 12 anos que enche meu saco querendo me adicionar no Facebook porque ele acha legal ser amigo de jornalista. Pediu 3 vezes. Na primeira, ignorei. Na segunda, expliquei candidamente que eu só aceitava pessoas que conhecesse pessoalmente e menores, somente se conhecesse os pais também. Hoje, quando pediu mais vez, depois de (arrrgh) me cutucar, fiquei com vontade de dizer: garoto, vai brincar com alguém da sua idade. Lamento que você tenha pais que permitam que você adicione estranhos ao seu perfil. Lamento que eles te exponham a esse risco. Lamento que eles não tenham te ensinado o que parece loucura nos dias de hoje, mas não fale com estranhos! 

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Porque não uso fone de ouvido 2




Vejam o que eu teria perdido se andasse pela rua com fones enfiados nos ouvidos! 


Fila no caixa das Lojas Americanas. Duas mulheres aparentando entre 25 e 30 anos. Loiras. Lisas. Segurando cestinhas repletas de produtos de cabelo.

Loira 1 - Acho que a gente tá levando muita coisa, não? Será que preciso desse aqui?
Loira 2 - Leva sim. É excelente já usei.
Loira 1 - Esse outro? É tão caro...
Loira 2 - Mas tá muito mais barato que nos outros lugares.
Loira 1 - E esse? Por que a gente tá levando esse também?
Loira 2 - É lançamento. Cabelo adora novidade.

(pausa dramática) 


Loira 2 - Olha, cabelo a gente tem que cuidar. Sabe por que? É muito olho! Cabelo liso cai de tanto que as outras mulheres olham. Quantas pessoas você conhece que tem cabelo bom de verdade como o nosso? Você anda na rua e as outras te olham "secando", vai por mim. Tem que cuidar!

Neste momento as duas percebem que havia alguém logo atrás, se viraram e deram de cara comigo - cabelo curtinho e meio ruinzinho. Fiquei com vontade de dizer: fiquem tranquilas. Só estou escutando a conversa.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Letra A do caderninho



Se você, assim como eu, se chama Ana, ou Adriana, Amanda, Angélica, Alice... E é da geração pré-Facebookeana, saberá do que estou falando. Um dia, do nada, um ex-namorado ou ex-ficante te telefona, começa uma conversa sem sentindo, com um gancho mal escolhido, e, meio titubeante, te faz algumas perguntas enquanto você se espanta com o tempo que passou sem que tivesse notícias dele. 

De onde apareceu esse sujeito? Faz dois anos que terminou com você... Ele nem se importava muito... Te deu um pé na bunda sem nenhuma classe... Que coisa mais estranha ele ligar agora, dizendo que se lembrou de você no ultimo Dia de Finados por causa da morte da sua avó 3 anos antes... E que a amiga da mocinha da novela das 6 se parece com a sua prima de Piracicaba. Por que ele quer saber onde você vai passar as férias ou se você foi à praia na semana passada?

Neste ponto, Adelaide, você acessa o arquivo-morto no seu HD pessoal para tentar determinar com exatidão de que capítulo da sua história saiu aquele sujeito. E você precisa recuperar alguns detalhes cruéis porque suas pernas tremeram ao ouvir a voz dele. Você foi pega desprevenida, Abgail, calma. Apesar do susto, a situação está sob controle. 

Você dispensa ele, Ágda, desliga o telefone e leva um tempo até concluir que: é sexta-feira à noite, ele está sozinho e com preguiça de ir para a noite garimpar. Essa esparrela toda era para saber se você está disponível. Ele tem a lembrança de que você é legalzinha e levemente desencanada. Ele acha que vai poder te dar o fora de novo sem que você se jogue na frente de um caminhão ou até que conseguirá um namorico sem compromisso porque você é metida à moderna e resolve seus dramas sozinha e sem exposição.

"E por que ele se lembrou de mim"? Ele NÃO se lembrou de você, Alcione! Você estava na letra A do caderninho, Andréa! Ele poderia ter ligado para a Alicia ou para a Arlete, Alessandra ou  Anita. Simples assim. Ele abriu o caderninho e telefonou. Talvez antes tenha tentado alguém que não atendeu. 

Se você tem mais de 30 anos  e seu nome começa com A, é muito provável que tenha passado por isso. E é bem provável que depois de levar um fora, ele tenha dito: "beleza, então depois a gente se fala". Não sofreu, não se frustrou, não se abalou nem esticou a conversa. Precisava tentar outro nome antes que ficasse tarde para sair.

Depois vieram as redes sociais, o status de relacionamento e tenho a impressão de que a ordem alfabética perdeu a prioridade na procura.

domingo, 28 de outubro de 2012

Não guardo rancor, mas tenho memória


Ainda se usa chamar alguém de canalha? Aquela pessoa sem moral, desonesta, patife, infame, velhaca, biltre... enfim. Na ficção o canalha sempre foi homem. Mas na realidade sabe-se que pode ser também mulher. É possível que o formato e a apresentação do canalha tenham mudado nessa era de casamentos abertos e novas composições familiares, mas uma coisa é certa: o canalha – o legítimo - não tem limites. Nelson Rodrigues avisou.

Se você é homem é possível que tenha escapado de ser vítima de uma canalhice. Se você é mulher, não. Eu fui reincidente. Escorreguei em um deles e, embora tenha reconhecido os sinais no segundo, não resisti. Isso faz muitos anos.

Pois bem. No ano de seu centenário, Nelson Rodrigues resolve me provar que estava certo e me faz descobrir que o pior cafajeste com quem me meti escreve livros infantis. Isso mesmo: livros infantis. Como pode alguém que mente e se aproveita dos sentimentos de uma pessoa apaixonada querer ensinar algo de bom a uma criança? Dar exemplo? Lição de moral?

Queria poder denuciar esse cara à editora dele, à Comissão Nacional de Direitos Humanos, ao Unicef, sei lá! E não me venha com papinho de que as pessoas mudam. Não era bobeira de adolescente. Já éramos adultos. Ele não se arrependeu. Ele não pediu desculpas. E ele fez o mesmo com outras pessoas.

Não guardo rancor, mas tenho memória. E me espanta a cara de pau!

O outro canalha com quem me meti alisa o cabelo. Para esse não preciso planejar vingança, né? Tá liberado. 

terça-feira, 23 de outubro de 2012

É por isso que não vou ao teatro


Mentira. Eu até vou, mas muito pouco. E sempre que vou, me aborreço.

No último fim de semana fiz mais uma tentativa. Como sempre, acho caro. Não tenho carteirinha picareta de meia entrada e sei que teatros e casas de show jogam o preço lá no alto, prevendo que 80% da bilheteria serão de idosos e "estudantes". Eu faço parte dos 20% punidos e taxados por serem honestos. Odeio essa lei da carteirinha de estudante e o uso político que é feito dela

Ok, raiva. Mas eu queria ver a peça. Muitos elogios, atores promissores, músicas lindas, tema fascinante, cenas lacrimejantes... E a lista cresceu a ponto de me fazer ligar para o teatro. "Não, não dá para comprar na hora". E não fazem reserva... E pela internet tem 40% em cima do preço... E a bilheteria só abre às 14h (quando há muito já estou no trabalho, longe dali). Cacete. É sempre assim!

Corri na volta do trabalho para pegar a bilheteria ainda aberta ornada por uma vendedora carrancuda: "pagamento só em dinheiro". Cartão de débito então? "Só em dinheiro". Até os ambulantes da feira hippie aceitam cartão de crédito e débito, mas os teatros do Rio de Janeiro, não.

Ok, quase desisto, mas já vim até aqui, vamos encarar. Desce 3 andares, saca dinheiro, volta, paga, pega, vai pra casa emburrada e no dia do espetáculo ainda pensa em desistir para ver a novela.

Mas eu fui. E antes de a peça começar, um aviso gravado agradecia aos patrocinadores e pedia ao público: "se você comprou balinha, abra o pacote antes do espetáculo começar". Pára tudo! Fiz esse esforço danado e ainda tenho que escutar desaforo? Se os ouvidos dos atores são sensíveis aos acordes do celofane amassado, por que vendem porcaria de bala na bombonière do teatro!?

Ameeeeei a peça, mas, de novo, tô jurando que não vou mais ao teatro.

sábado, 20 de outubro de 2012

Eu sobrevivi aos anos 80


Sou uma sobrevivente. Usei calça semi-bag, gravatinha com grafismos, fru-fru da Madonna na cabeça. Usei cabelo de Chitãozinho e Xororó, macacão bufante, jaqueta de couro curtinha... Vivi a plenitude dos anos 80 e posso dizer que não restou nada para contar a história. Nada de que me orgulhe. Nenhuma peça de roupa, acessório... Nem fotos encontrei.

Meu marido costuma dizer que só gosta dos anos 80 quem não esteve lá.
Então não me venha com essa conversa de que a moda volta porque eu não vou usar blusa morcego, cores "cheguei" (hoje se chama neon), esmalte azul, batom lilás, saia balonê, manga bufante e blazer de ombreiras. 

Nem que vá para a capa da Vogue francesa. Nem que a Kate Middleton use. Nem que eu ganhe de presente e venha assinado por uma grife caríssima.

"Ah, mas tá se usando", a vendedora da loja vai te dizer. Não seja uma vítima do "tá se usando". Eu fui na década de 80, mas me curei.


sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Porque não uso fone de ouvido 1


Vejo um monte de gente andando pela rua ouvindo música com fones nos ouvidos e acho um espanto. Por dois motivos.

Primeiro porque tenho medo de ser atropelada. Preciso ouvir os barulhos da rua para me orientar e me sentir segura. E segundo, e mais importante, para poder ouvir a conversa das outros. Pouco importa quem sejam. São estranhos, não me devem nada... posso ouvir e admirar, me espantar, me emocionar e rir sem me sentir culpada ou obrigada a dar uma opnião.

Se eu estivesse ouvindo música com fones não teria acompanhado, por exemplo, a conversa que rolou enquanto eu almoçava sozinha. Uma senhora
com duas netas. A mais velha entre 10 e 12 anos. A mais nova entre 7 e 9.

Avó -  iPad é telefone?

Neta mais velha - Não

Avó - E IPod?

Neta mais velha - Também não

Avó - Mas outro dia vi a neta da Carmem telefonando para a mãe dela num aparelhinho e ela disse que era IPod. Dava até para ver quem estava do outro lado

Neta mais nova - isso é Skype, vó!

(silêncio)

Avó - E sobremesa? Vocês querem?

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

No guarda roupa 3 - Escolha o vermelho


Vi Juliette Binoche em "Chocolate" usando sobretudo vermelho e resolvi que queria um. Decisão ousada não apenas pela cor, mas também porque moro no Rio de Janeiro. Um dia, com uma viagem em vista, me deparei com ele. Vesti. Achei lindo. Mas havia também o mesmo modelo em bege. Aí bateu aquele senso prático do "acho que o bege eu vou usar mais" (como se isso fosse possível para alguém que visita o inverno uma vez por ano), "é mais fácil de combinar"... dúvida, dúvida, dúvida... não levei nenhum dos dois. Liguei para minha amiga Angélica, falei da minha angústia e ela se ofereceu para voltar à loja comigo no dia seguinte.

Quando saí da cabine usando o manteau vermelho ela me olhou, riu, pegou minha bolsa e avisou: "estou te esperando no caixa". Mas... mas... mas... você tem certeza, Gegé? "Você escolheu o vermelho. E só não comprou porque não teve coragem. Vim aqui para isso. Esta liiiiiinda. Pega, paga e vamos embora".

Nem todo mundo tem uma amiga sincera e sem medo do lobo mau como a minha. Então, da próxima vez que hesitar entre o vermelho e o bege, lembre-se deste post e escolha o vermelho.



No guarda-roupa 2 - Para quando você estiver se sentindo "pouquinho".















Depois dos 40, toda mulher precisa de algumas peças extravagantes no armário. São elas que vão te ajudar a sair de casa de manhã nos dias em que você quer largar tudo. Na verdade o que vai te fazer sair de casa é lembrar das contas a serem pagas no fim do mês. Mas um pequeno exagero no vestuário te dará mais confiança num horário em que é cedo demais para ligar para o analista. Sabe aquela roupa que você achava um exagero aos 20? Aos 30 começou a achá-la aceitável? Pois é. Chegou a hora de comprá-la. E usá-la para combater o efeito "pano de chão" - o momento em que você está se sentindo pouca coisa.

Essas são minhas armaduras de batalha: uma sandália de pedraria, acessórios dourados e um cardigã de oncinha. Só não use tudo junto, pelo amor de Nossa Senhora do Bom Senso!


terça-feira, 16 de outubro de 2012

No guarda-roupa 1 - O pijama de ursinho e a repressão sexual


Me diga: quem inventou essa moda de que mulher tem que ir pra cama vestindo ursinhos carinhosos, corações, anjinhos, estrelinhas e Hello Kitty? Você, minha amiga, experimente entrar em qualquer loja de roupa para dormir e pedir um pijama feminino simples, sóbrio. Esqueça. Todos vão parecer ter saído da sua infância. Ou é baby doll fatal ou pijaminha ridículo. A camisola sexy tem seu lugar óbvio, mas com frequencia é desconfortável.  Depois do "show", uma malha de algodão cai tão bem na pele... E quando você quer ir pra cama sem grandes planos? Quando vai rolar apenas um sexo preguiçoso e sem glamour? Ou quando simplesmente você quer deitar ao lado do seu parceiro e se sentir uma mulher da sua idade?

Me recuso a usar pijama fofo. E olha que sou até bem fofa em alguns momentos.


Você acha que estou exagerando? Veja se existe algum pijama para homens de carrinho, patinho ou Bob Esponja!?


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Não aposte no embarangamento coletivo

Ouvi uma quarentona dizer que depois de uma certa idade a mulher devia optar: ou cuidava do rosto, ou do corpo. Ela iria envelhecer mais tranquilamente, relaxada... Estava cansada de malhar loucamente e fazer dieta. Capricharia no rosto e usaria roupas mais largas para não denunciar as gordurinhas. Hoje a vi. Aos 54 anos. Linda. Rosto ótimo e corpo firme. Filha da p...

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Você guarda algum objeto da sua infância?




Me fiz essa pergunta porque outro dia um amigo me mostrou uma caixa com um time de futebol de botão que ele tem desde os 7 anos. Um pote de Tupperware amarelado identificado com uma etiqueta encardida escrita com letrinhas de recém alfabetizado. Achei fofo.

Não guardo muita coisa. Não gosto de acumular, ver armários e gavetas abarrotados... Tenho pouco (quase nenhum) apego pelo o que chamamos de valor sentimental.

Conheço gente que guarda cachos de cabelo, dentes de leite, lembrancinha de batizado, a vela queimada da primeira comunhão, bilhetinhos de todos os namorados e até fatia do bolo de casamento congelada no freezer.

Se o objeto não tem utilidade ou não é usado vai para a doação ou jogo fora - se for desimportante no geral.

Meus guardados são todos fotográficos. E do meu filho também. A lembrancinha de nascimento, a primeira roupinha... Tá tudo fotografado, mas não guardei nada.  Será que um dia ele vai me cobrar isso? Bom, é problema para daqui a 20 anos.

Dei uma "busca e apreensão" no cafofo porque fiquei curiosa para saber se meu desapego sentimental teria poupado algo.

Encontrei.

A "monstra azul" - a primeira mala com que viajei! Na foto eu tinha 3 anos e estou com ela na Flórida. Eu a achava tão grande - por isso dei esse nome. Me lembro de usá-la como colchão para uma soneca enquanto esperava um ônibus. Eu tinha exatamente o comprimemento dela em 1974. Ainda viaja comigo. Vai dobrada dentro da mala principal para trazer o "butim de guerra".

A "monstra" foi reformada duas vezes: passou por um reforço na costura e teve o fecho eclair trocado. Mandar para o conserto uma velha sacola de lona (e não é fácil encontrar quem conserte malas) só pode ser justificado com o tal do valor sentimental. Ufa! Não sou tão insensível assim.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Você conhece gente que faz questão de ser desagradável?




Então me ajuda: como elas se suportam? Alguém me conta que espécie de gente aguenta viver com elas?

Esbarrei em uma mulher que conheço muito vagamente. Me disse que estava procurando para o filho a mochila de um determinado personagem infantil do qual eu nunca havia ouvido falar. "Já sei. Você é dessas mães super ocupadas que não têm tempo pra nada e não sabem o que o filho vê na televisão".

Oi? Eu te conheço? O que você sabe da minha vida além de ter me visto 3 vezes na porta da escola? Juro. Hoje em dia não gasto uma sílaba para rebater um argumento desses. "Vou pra fila do caixa, tchau", foi tudo o que eu disse.

E tenho uma parente distante que nas poucas vezes em que me encontrava fazia questão de me dizer, na frente de todo mundo, o quanto eu era metida, esnobe e não ia à casa dela. Ia pouco, é verdade. Agora resolvi: não vou nunca mais!

domingo, 7 de outubro de 2012

Obrigada, Senhor 1



Pela democracia.

Por mais capenga e mal vestida que ela seja, mesmo que ela nos decepcione, mesmo que ela traia nossos melhores votos, que ela nos escandalize às vezes, ela é o único caminho. Obrigada pelo voto de hoje e pela certeza que tenho de que poderei continuar votando nos próximos anos.


O Senhor sabe... a gente reza para agradecer, mas sempre pede alguma coisa, não é? Pois vou lhe dizer, meu Pai, não gosto muito de ser obrigada a votar. Acho um contrassenso. E talvez se o voto fosse facultativo, nos livrássemos do eleitor sem compromisso, do revoltado, do “de saco cheio”, do “preferia ir logo pra praia”, do Cacareco, do Macaco Tião e do Tiririca. Mas não tenho uma opinião muito formada sobre isso. Voto distrital, quem sabe? As campanhas seriam mais baratas, mais limpas, menos patrocionadas e poderiamos acompanhar mais de perto nossos candidatos. Uma vez ouvi a jornalista Lúcia Hipólito dizer que todo processo eleitoral deveria passar por uma revisão de tempos em tempos. Bravo! Será que então, Senhor, posso sonhar com isso? O Senhor é um democrata que eu sei, livre arbítrio patati-patatá... Não tenho pressa. Para a próxima geração, talvez?


Mesmo sendo uma obrigação, adoro votar. E sempre me emociono. Escolhi meus candidatos, meu filho, devidamente autorizado pelo presidente da sessão, apertou o “confirma”, e saimos felizes para tomar um suco de manga. Gosto bom.


sábado, 6 de outubro de 2012

Aceite 1


Você vai ficar ultrapassado.

Então escolha dois ou três assuntos em que vai sempre se atualizar. Todo mundo acha graça nos exóticos ultrapassados até o quinto minuto de conversa. Não dá para ficar velho em tudo.

 Quando finalmente resolvi fazer um blog, me avisaram que a onda agora era tumblr. E que não se dizia mais "a onda é". Ok. Não entendi a diferença entre os dois porque a explicação veio recheada de palavras e termos que eu não conhecia. O jeito era experimentar. 

Pra começar, o tumblr deveria ter mais uma vogal nesse nome esquisito, mas, aparentemente, a leitura das páginas é melhor em celulares e tablets. O problema é que só pode comentar os posts quem tem tumblr também. Pelo menos, eu não encontrei o caminho. 

Ainda estou quebrando a cabeça com a administração do blog e, volta e meia, peço ajuda ao marido antenado e aos mais jovens no trabalho. Pedir ajuda também é uma tranquilidade que a idade traz. Mas isso é assunto para outro post.
Enquanto isso, espero meu filho crescer para me atualizar musicalmente. Até conheço um ou outro hit que vira matéria no Fantástico, mas, no geral, minha cultura musical parou no Police. 

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Confiança é tudo


"... se eu pudesse te dar um só presente para o resto da sua vida serie este. Confiança"



Me lembrei desse trecho do livro "Um Dia", David Nicholls, no último domingo, quando meu filho quis se vestir de Batman para me acompanhar ao supermercado. Andava pelas gôndolas com sua capa esvoaçante e o cinto de utilidades cheio de traquitanas, naquela mistura de normal e absurdo que as crianças fazem lindamente. Desconfio que ele tivesse certeza de que se passava convincentemente por Bruce Wayne abastecendo a Batcaverna durante as férias do mordomo Alfred. Ao encontrar um amigo meu, levantou a máscara devagarinho e sussurrou: "é o Vicente". As pessoas olhavam e sorriam gentilmente na minha direção. Ele é lindo, moça, eu sei. Registrei no celular o momento em que Batman checava as ofertas da semana em busca do chocolate de que gosta. E no meu coração registrei o desejo que ele tenha pra sempre a confiança daquele domingo.

Resolução 3


Eu não vou. Festa, choppinho, happy hour da firma, batizado... Se eu não estiver a fim de ir, simplesmente não vou. E não dou aquela "cariocada" dizendo que "vou, claro, sem falta". Eu vou a muita coisa, viu? Mas já não vou mais por obrigação. Claro, sempre tem aquele evento social a que pega muito mal não ir. Aí me dou duas opções: se o anfitrião é meu amigo, faço um esforço e vou. Caso contrário, mando um presente bom e tenho certeza de que minha ausência não será sentida. 

Vovó tinha razão 2



Faça pelo seu pescoço tudo o que fizer pelo seu rosto. Pode reparar: as vezes a mulher tem um rosto impecável, mas se o pescoço não acompanhar, derruba o conjunto.

Vovó tinha razão 1


Entre os 30 e os 40 começamos a dar valor aos conselhos de vovó. Então vamos ao primeiro:  não se esqueça dos cotovelos. Eles são os pedacinhos mais negligenciados do corpo. Hidratante neles! Senão ficam parecendo cotovelos de elefante. 

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Resolução número 2


Não leio livro ruim, chato. Se não me ganhar nas primeiras 30 páginas, o livro vai para doação. Tenho sempre uma pilha de não lidos me esperando e pouco tempo para ler. Antigamente, insistia, ia até o fim esperando por uma virada, achava um desperdício pagar por um livro e não tentar aproveitar algo dele. Também me liberei dessa obrigação.

Resolução número 1


Fazer 40 anos me libertou de certas convenções. Não faço mais o menor esforço para fingir que gosto do que está na moda, do que é “cool”, do que é “in”. Então preparem-se porque vou chocar a sociedade: Eu não assisti ao filme “Cidadão Kane”. Para um jornalista isso é um pecado gravíssimo. Na faculdade todos debatiam o filme eu ficava quieta, balançando a cabeça, torcendo para o assunto mudar. Tentei. Duas vezes. Dormi. E na segunda tentativa, minha cachorra mastigou a caixa do VHS (sim, eu tenho 40 anos) e tive que indenizar a locadora. Outra: Chico Buarque canta mal. É um compositor incrível, é lindo e entende a alma feminina como poucos, mas a voz... Quer mais? João Gilberto é chato pra caramba!  Canta sussurrando... que preguiça! E quem ainda tem paciência para aquelas esquisitices? Ah, a única  música boa do los Hermanos  é "Ana Júlia". Sim, eu não entendo nada de música. Mas sei exatamente do que gosto e não tenho vergonha de dizer.   

Você tem 40 anos se...


...passa filtro solar logo depois de escovar os dentes!

Quando eu era criança não existia filtro solar. Na minha adolescência, sim. Mas, claro, eu preferia usar os bronzeadores do tipo urucum-cenoura-óleo de coco-power-bronze. Tostava a pele na praia, na esperança de ficar da cor da Camila Pitanga. Fiquei foi toda manchada. Hoje gasto uma grana num tratamento a laser para cuidar da pele e uso filtro solar todos os dias para evitar que as manchas voltem. Mesmo no inverno, mesmo com chuva. Hoje também já se sabe que o sol, além do prejuízo estético, pode causar câncer de pele. Então ponha o filtro solar na sua cesta básica. Leia o livro abaixo que é muito fofo e repita como um mantra: “use filtro solar, use filtro solar...”

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Comemorando os quarenta



Comemorei meus 40 fazendo o que mais gosto: viajando. No dia do meu aniversário, eu estava na República Dominicana com meu marido e meu filho. Acordei tarde, fui à praia. Almoçamos sem pressa, visitamos um parque de animais e eu ganhei um beijo de um leão marinho! Me dei de presente um penteado afro, daqueles de trancinhas bem apertadas, jantei bem e dormi cedo. E feliz. Acho que essa é a grande conquista dos 40: conhecer e admitir para você mesmo o que gosta, o que você quer; separar direitinho o que te faz bem e o que te faz mal.