sábado, 17 de novembro de 2012

Não fale com estranhos


Este post é para o taxista, que não entendeu que ontem à tarde peguei um táxi porque não queria me aborrecer no trânsito, nem procurando vaga. E que eu estava torcendo por 20 minutos em que pudesse ficar sozinha com meus pensamentos. Moço, eu respondi monossilabicamente a todas as suas tentativas de puxar conversa. Como taxista, o senhor deveria entender que é um sinal de que o passageiro quer ficar quieto. Estou pagando pelo o que deveria ser um pouco de sossego. No restante do dia, sabe, eu só tenho tranquilidade quando estou dormindo. Trabalho com muita gente, tenho um filho pequeno, uma empregada nova que faz muitas perguntas...

Esse post também vai para a senhorinha que se sentou ao meu lado no ônibus, sábado, quando voltei da praia. Meu marido e meu filho estavam num passeio de meninos e eu queria aproveitar para ver a paisagem da cidade tranquilamente. Queria ver o entra-e-sai, os rostos, ouvir pedaços de conversa que não me dizem respeito. Eu não queria, minha senhora, por mais respeito que tenha por sua idade, saber da sua diabetes e ver fotos dos seus netos que, pelo jeito, não lhe dão atenção. Eu não queria ter que lhe responder qual o meu nome, o que faço e onde moro. Menti nas 3 perguntas que a senhora me fez. A senhora também não devia abrir a bolsa dentro do ônibus, para uma pessoa estranha, e mostrar seu celular novo. Primeiro porque é perigoso e, segundo, porque eu não queria ver. Levantei dizendo que ia saltar, mas menti pra senhora, de novo. Fui sentar lá no fundo, escondidinha, para ficar em silêncio. Me desculpe, percebo que a senhora está sozinha, mas  era exatamente o que eu buscava: ficar sozinha. 

Esse post é para a mulher que insistiu em falar comigo durante o seminário em São Paulo. Agora não, moça. Eu peguei um avião para vir aqui, ouvir as pessoas que estão na listinha que você recebeu também. Não fale comigo. Estou tomando notas e você está me atrapalhando. Não sei quem é você, não quero saber, não estou interessada na sua opinião. Por isso vou me levantar e, sem dar qualquer explicação, vou trocar de lugar. Com certeza você vai atacar a concentração do próximo que sentar-se a seu lado.

Esse post é também para um menino de 12 anos que enche meu saco querendo me adicionar no Facebook porque ele acha legal ser amigo de jornalista. Pediu 3 vezes. Na primeira, ignorei. Na segunda, expliquei candidamente que eu só aceitava pessoas que conhecesse pessoalmente e menores, somente se conhecesse os pais também. Hoje, quando pediu mais vez, depois de (arrrgh) me cutucar, fiquei com vontade de dizer: garoto, vai brincar com alguém da sua idade. Lamento que você tenha pais que permitam que você adicione estranhos ao seu perfil. Lamento que eles te exponham a esse risco. Lamento que eles não tenham te ensinado o que parece loucura nos dias de hoje, mas não fale com estranhos! 

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