domingo, 28 de outubro de 2012

Não guardo rancor, mas tenho memória


Ainda se usa chamar alguém de canalha? Aquela pessoa sem moral, desonesta, patife, infame, velhaca, biltre... enfim. Na ficção o canalha sempre foi homem. Mas na realidade sabe-se que pode ser também mulher. É possível que o formato e a apresentação do canalha tenham mudado nessa era de casamentos abertos e novas composições familiares, mas uma coisa é certa: o canalha – o legítimo - não tem limites. Nelson Rodrigues avisou.

Se você é homem é possível que tenha escapado de ser vítima de uma canalhice. Se você é mulher, não. Eu fui reincidente. Escorreguei em um deles e, embora tenha reconhecido os sinais no segundo, não resisti. Isso faz muitos anos.

Pois bem. No ano de seu centenário, Nelson Rodrigues resolve me provar que estava certo e me faz descobrir que o pior cafajeste com quem me meti escreve livros infantis. Isso mesmo: livros infantis. Como pode alguém que mente e se aproveita dos sentimentos de uma pessoa apaixonada querer ensinar algo de bom a uma criança? Dar exemplo? Lição de moral?

Queria poder denuciar esse cara à editora dele, à Comissão Nacional de Direitos Humanos, ao Unicef, sei lá! E não me venha com papinho de que as pessoas mudam. Não era bobeira de adolescente. Já éramos adultos. Ele não se arrependeu. Ele não pediu desculpas. E ele fez o mesmo com outras pessoas.

Não guardo rancor, mas tenho memória. E me espanta a cara de pau!

O outro canalha com quem me meti alisa o cabelo. Para esse não preciso planejar vingança, né? Tá liberado. 

Um comentário:

  1. É isso, APBrasil, a gente até perdoa a pessoa, mas não o que ela fez com a gente, né?

    Tô adorando tudo aqui!

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